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Educação Financeira: O que ensinar em cada idade?

27.02.2023
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Fazer escolhas financeiras mais acertadas está ao alcance de todos até nas idades mais precoces.

 

A importância da literacia financeira para as crianças já é reconhecida por muitos pais, mas o mais difícil é saber o quê e quando ensinar determinadas noções sobre o dinheiro. Os especialistas no tema indicam que o segredo é adaptar os principais conceitos de literacia financeira a cada idade, de modo a que possam ser compreendidos consoante a faixa etária. E quanto mais cedo começar melhor.

 

MAS O QUE É A LITERACIA FINANCEIRA?

A literacia financeira pode ser definida como a capacidade de ler, analisar, gerir e compreender conceitos, que resultam na tomada de decisões informadas no que se refere à gestão do dinheiro.

COM QUE IDADE PODE SER FEITA A PRIMEIRA ABORDAGEM?

Ao contrário do que possa pensar falar de dinheiro com crianças não é assim tão difícil e a primeira abordagem pode ser feita logo aos dois ou três anos quando os mais pequenos começam a pedir brinquedos ou guloseimas aos pais. Se introduzir o tema de uma forma simples e saudável pode estar a contribuir para que no futuro estas crianças desenvolvam hábitos de consumo positivos. Para facilitar a tarefa use exemplos que possam entender, por exemplo mostrando diferentes moedas e o seu valor, e para se inspirar recorra a contos ou livros infantis que abordem a questão da literacia financeira de uma forma adequada a esta idade.  

CONCEITOS BÁSICOS DOS 3 AOS 5 ANOS

Nestas idades pode começar por explicar conceitos básicos como de onde vem o dinheiro e para que serve. Utilize frases simples e apelativas como “o dinheiro não nasce das árvores, ele resulta do esforço do trabalho”. Aproveite também para introduzir a noção do valor dinheiro, ou seja, serve para adquirir coisas como a casa onde a criança habita ou a comida. Pode também explicar o motivo pelo qual não é possível ter tudo o que se deseja. Se comprar muitos brinquedos pode faltar para necessidades básicas como a alimentação. De qualquer forma, não se esqueça que estas noções devem ser explicadas sem muito aprofundamento, porque é na fase seguinte que o tema deve ser detalhado. Nesta faixa etária já pode dar um mealheiro ao seu filho e algumas moedas para ele ir armazenando. Façam da evolução da poupança um tema de conversa e quando o mealheiro estiver cheio, abram-no e comprem aquele presente que ele tanto pediu ou façam um passeio ao jardim zoológico.

CONCEITOS A APROFUNDAR DOS 6 AOS 9 ANOS

É nesta época que as crianças aprendem a ler e a escrever, por isso vai ser mais fácil compreenderem as principais noções da literacia financeira. O seu filho pode começar a receber algum dinheiro (por exemplo uma semanada ou mesada) e deve ser encorajado a separar as notas e moedas que são para gastar das que pretende poupar. É também nesta idade que deve ensinar os princípios básicos da poupança. Comece por comprar um mealheiro para que o seu filho compreenda a importância do provérbio “grão a grão enche a galinha o papo”. Explique-lhe que nem sempre é possível comprarmos no imediato o que desejamos e que se pouparmos, mesmo que seja uma pequena quantia diária, semanal ou mensal poderemos concretizar a compra a mais longo prazo.

Quando os mais pequenos já estiverem familiarizados com o conceito de o dinheiro ser limitado pode introduzir a ideia do preço, explicando que existem produtos mais dispendiosos e outros mais económicos. Uma ida ao supermercado pode ser uma boa oportunidade para lhe mostrar como diferentes coisas podem ter preços diferentes e até como um pacote maior pode ser mais económico do que dois menores.

Outra diferença que deve ensinar é o que significa comprar por necessidade ou por desejo, referindo que as compras essenciais são aquelas de que necessita para viver no dia-a-dia. Tente usar exemplos práticos para que a criança possa compreender com mais facilidade. Será que ter 10 bonecas é essencial? E jantar todos os dias? Pergunte-lhe: O que é mais importante comprar brinquedos ou comida?

No caso de fazer pequenas compras pode também começar a dar-lhe algumas responsabilidades como deixar que faça os pagamentos em dinheiro, ensinar-lhe a fazer os cálculos e conferir o troco.

LITERACIA FINANCEIRA ENTRE OS 10 E OS 12 ANOS

Nesta fase devem aprender a gerir pequenas quantias de dinheiro. Quando entram no 5º ano começam a ter necessidade de fazer compras, por exemplo o pequeno-almoço ou lanche na cafetaria da escola ou material escolar que seja necessário à última hora. E como é que pode ensinar o seu filho a gerir este valor? Se ainda não o fez, atribua-lhe uma semana ou mesada em dinheiro ou cartões pré-pagos. Explique o motivo pelo qual está a dar-lhe este valor e como pode gastá-lo. Depois deixe que seja o seu filho a decidir, embora seja importante acompanhar estes primeiros passos na gestão de um pequeno orçamento.

É também nesta altura que os ensinamentos de literacia financeira se podem tornar mais complexos, continuando-se a investir na partilha de conhecimentos sobre o que é uma necessidade e um desejo de consumo. É importante ensinar o que é uma compra por impulso e o motivo pelo qual não deve acontecer.  Poderá também introduzir conceitos como o funcionamento dos bancos, dos empréstimos, do cartão de débito e do multibanco. Existem outros exemplos como as noções do que é um seguro automóvel ou um seguro escolar. Muitas vezes não vai ser fácil convencer a criança a tomar atenção a estes assuntos, mas com pedagogia e a ajuda de alguns livros de literacia financeira indicados para a idade pode tornar-se mais fácil.

DOS 13 AOS 16 ANOS: REFORCE CONHECIMENTOS

Com a entrada na adolescência os jovens passam a ter um papel mais ativo nas decisões financeiras. Esteja alerta a maus hábitos de consumo. Ao ter acesso a mais dinheiro o adolescente poderá ter tendência para fazer compras por impulso ou por puro consumismo. Se for o caso tente conversar com ele, lembrando-lhe o valor do dinheiro. Se ele gastar a mesada toda e não tiver depois para os bens essenciais não caia na tentação de lhe disponibilizar um valor extra para que possa sentir na pele a necessidade de respeitar as prioridades. É importante que aprendam desde logo que não podem gastar mais do que se ganham. Errar também faz parte do processo de aprendizagem, por isso não fique muito preocupado se a gestão do dinheiro feita pelo adolescente não correr bem à primeira. Incentive também o jovem a começar a poupar, ensinando-lhe a colocar 10% da sua mesada de lado para que no futuro tenha aprendido estratégias de poupança.

Nestas idades pode alertar os jovens para algumas questões mais complexas como a ética e a responsabilidade social nas questões financeiras, explicando a gravidade da fraude e a importância de ter comportamentos corretos relacionados com o dinheiro.

Lembre-se que a educação financeira assume um papel fundamental para preparar as crianças e jovens para uma vida adulta cheia de responsabilidades financeiras. E que a aprendizagem sobre este tema não deve parar na adolescência, mas ser desenvolvida ao longo da vida. Para finalizar, anote uma sugestão para um programa em família: o Museu do Dinheiro, em Lisboa, é o lugar certo para crianças e adultos aprenderem de forma mais divertida sobre o dinheiro.

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