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Criptomoedas: O que vai mudar em Portugal?

03.11.2022
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A partir de 2023 os lucros das criptomoedas podem vir a ser tributados. Saiba como.


O regime livre das criptomoedas em Portugal está perto do fim. Os ganhos com estas moedas digitais estão isentos de impostos no país, mas o Orçamento do Estado 2023 propõe taxar estes lucros. As criptomoedas ganham cada vez mais protagonismo no mundo. A Bitcoin (BTC) é a mais famosa e nasceu em plena crise financeira de 2008, mas muitas outras já alcançaram também relevância e estão a ser alvo dos investidores. Em 2022, surgiram mais de cinco mil novas moedas virtuais, somando 21.600 ativos no mercado, segundo os dados do site CoinMarketCap (a 1 de novembro). Com o lançamento da BNB Chain, blockchain criada pela corretora Binance, a criação dos chamados tokens tornou-se ainda mais simples e todos os dias são lançados novos ativos digitais no mercado, embora muito deles não tenham fundamentos que garantam credibilidade ou duração ao longo do tempo.

MAS O QUE DIFERENCIA ESTES MOEDAS DO DINHEIRO TRADICIONAL?

A principal diferença é que ao contrário das moedas convencionais, como o Euro ou o Dólar, as moedas digitais não são emitidas por nenhuma entidade governamental nem verificadas pelos bancos. As criptomoedas são transferidas de forma direta entre utilizadores, num sistema peer-to-peer, sem intermediários ou supervisão. Assim, é possível transferir fundos de A para B em qualquer parte do mundo e já são muitas as marcas conceituadas a aceitar pagamentos em moeda digital. Com o crescimento do mercado das criptomoedas, os Governos de vários países começaram a tributá-las e os investidores estão a pagar impostos com base nos lucros obtidos. Portugal é um dos poucos países europeus que ainda não tinham aderido a estas medidas, mas esta é uma realidade que deverá mudar a breve prazo.

O QUE PODE MUDAR?

A intenção do Governo português é taxar a 28% os ganhos com criptoativos que são retidos por menos de um ano, deixando os outros isentos de tributação. projeto de Orçamento do Estado 2023, já apresentado ao Parlamento em meados de outubro, indica que a renda obtida com criptoativos mantidos por um ano ou mais vai continuar sem ser taxada. “Se a proposta de Orçamento do Estado para 2023 for aprovada, [o contribuinte];terá de reportar a operação de venda quando preencher a declaração de IRS e o ganho obtido (diferença entre o valor de mercado à data da venda e o valor de aquisição, líquido das despesas necessárias e efetivamente praticadas, inerentes à aquisição e alienação) estará sujeito a IRS, sendo-lhe aplicada uma taxa de 28% (sem prejuízo da opção de englobamento, se mais favorável).”, pode ler-se no guia do jornal online Eco “Tenho criptomoedas, e agora?”. No âmbito desta mudança, espera-se também a aplicação de uma taxa de 10% sobre as transferências gratuitas de criptomoedas e 4% sobre as comissões dos intermediários no mercado. Além disso, deverão ser considerados como renda tributável a emissão de novos ativos digitais e a mineração de criptoativos que passa a ser considerada uma atividade comercial/industrial abrangida pela Categoria B do IRS, o que significa que os rendimentos obtidos com o exercício desta atividade estarão sujeitos a IRS, aplicando-se taxas progressivas de IRS.

Importa ainda sublinhar que o Governo não se restringiu à tributação das criptomoedas. A proposta do Orçamento do Estado para 2023 refere-se a um conceito mais lato: o criptoativo que define como “toda a representação digital de valor ou direitos que possa ser transferida ou armazenada eletronicamente recorrendo à tecnologia de registo distribuído ou semelhante”. Na prática, ficam assim abrangidos outros criptoativos, como os NFT (non-fungible tokens), certificados que comprovam a propriedade de um ativo digital que ganharam bastante popularidade desde 2021.

MINERAÇÃO DE CRIPTOATIVOS? O QUE SIGNIFICA?

As transações realizadas com moedas digitais são protegidas por criptografia (o que explica o nome cripto) e como não existe uma autoridade central que acompanhe o processo devem ser registadas no denominado blockchain pelos mineradores. Este grupo oferece a capacidade de processamento dos seus computadores para realizar os registos e conferir as operações monetárias e em troca é remunerado com novas unidades de moeda digital. As transações existem apenas como entradas digitais numa base de dados online e as criptomoedas são criadas à medida que milhares de computadores são capazes de solucionar problemas matemáticos complexos que apuram a validade das transações incluídas no blockchain (livro-razão digital). Quantos mais computadores forem utilizados para estes fins mais complicado se torna resolver as questões matemáticas, o que acaba por ser uma forma de limitar o processo de mineração.

O Bitcoin foi projetado de modo a reproduzir a extração de ouro ou outro metal precioso da Terra: somente um número limitado e previamente conhecido de bitcoins poderá ser minerado”, explica Fernando Ulrich no livro “Bitcoin: A moeda na era digital”.

Se necessita de ajuda para compreender estes e outros assuntos, os profissionais da MaxFinance sempre disponíveis para ajudar a tornar a sua vida financeira mais fácil.

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